O Meu Bem Ti Vi faz pose para a foto na janela do meu consultório!
MEUS AMIGOS Esta HISTÓRIA É REAL e tenho a alegria de compartilhar com vocês neste cordel que acabei de compor O MEU BEM TI VI Ao chegar no consultório
Ele está a me esperar Bem ti vi meu bem ti vi Vem sempre pra me alegrar Passarinho encantador Para o Levi vem cantar Já tem pra mais de três anos Que de repente chegou Com as asas bem abertas Bem pertinho ele pousou Dei um toque na janela Na janela ele bicou Separados por um vidro Houve comunicação De cá eu assoviava São coisas do coração E de lá ele entoava Bem ti vi era a canção Pacientes já conhecem Por ele vão perguntando Nem preciso responder Ele vem sobrevoando Bem ali no mesmo canto Gracioso vai pousando E o tempo foi passando Nunca mais deixou de vir Dali de minha janela Só a noite vai partir Sobrevoa para mim O meu lindo bem ti vi Todo dia venho conversar com O MEU BEM TI VI
Incrível mas ele fica atento e responde com seu canto
Pacientes já sabem da história e ao chegar na janela do meu consultório logo se encantam e brincam com O MEU BEM TI VI O Meu Bem Ti Vi na janela do meu consultório! Abre bem as asas e faz pose para a foto! Vejam como ele fica atento quando conversamos, eu de cá e ele de lá, eu assobio e ele responde "BEM TI VI, BEM TI VI" Levi Madeira Médico e cordelista ////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Lé-Lé bem-te-vi e seu amigo Levi Seridião Correia Montenegro Nesse período de seca inclemente, que castiga todo o sertão cearense, papai e mamãe bem-te-vi resolveram migrar para a cidade, com seu pequeno filhinho Lé-Lé. Partiriam em busca de uma árvore onde pudessem viver em paz, encontrar alimentos e reconquistar o direito de entoar as sonoras sinfonias de seu mavioso canto. Queriam fugir da ameaça constante que rondava o seu lar, materializada pela presença frequente e devastadora de alguns meninos malvados, armados com pedras ou mortíferos estilingues.
Na madrugada de uma segunda-feira, para eles o dia mais calmo da semana, partiram. Sobrevoaram casas e terrenos, contornaram pequenos prédios e imensos arranha-céus, até que o cansaço lhes deu a opção de construir um bonito ninho numa solitária árvore que encontraram no quintal de uma antiga casa, cercada de grandes edificações e de imensos paredões de concreto, no bairro mais aristocrático de Fortaleza, a Aldeota. Em poucos dias, construíram um belo e aconchegante ninho, seu novo lar. Mamãe e papai bem-te-vi saíam todas as manhãs, ao raiar do dia, em busca de alimentos, deixando seu irrequieto filhinho no conforto e segurança do imponente abrigo. Aproveitando o silêncio da madrugada, Lé-Lé, enquanto aguardava o retorno dos pais, se divertia pulando de galho em galho e aprendendo a dominar a fantástica arte da acrobacia, segredo indispensável à sobrevivência de um pássaro, no mundo agressivo, tumultuado e ameaçador da cidade grande. Em pouco tempo, Lé-Lé bem-te-vi, o jovem pássaro, se tornou exímio aeronauta. Tendo herdado de seus antepassados a virtude da coragem, demonstrava, a cada novo dia, a audácia dos que gostam de enfrentar os desafios. A princípio circulava em torno da árvore frondosa que lhe servia de abrigo, mas esses breves passeios se tornaram, cada vez mais, monótonos, tediosos e sem graça. Depois de tomar alguns sustos provocados pelo barulho das buzinas e pelo ronco dos motores dos automóveis, no vai e vem sem fim do caótico tráfego urbano, decidiu enfrentar a volúpia das alturas. Passou a alçar novos e desafiadores voos, em direção ao azul celeste do céu primaveril, sem baralho, sem sustos, sem sobressaltos, numa sucessão de momentos de suave navegação, evitando sempre a excessiva proximidade dos gigantescos e monumentais edifícios, que, aqui e ali, revelavam a presença de seres humanos, neles aparentemente enclausurados. Um dia, entretanto, Lé-Lé avistou, através da transparência de uma janela de vidro, alguém diferente, impecavelmente vestido de branco, com um sorriso cativante nos lábios e um brilho sedutor no olhar, a observá-lo. Não parecia ser como aqueles meninos maus que tanto infernizaram a vida de sua família. Mesmo num exame superficial de quem ainda era muito jovem e inexperiente, acreditou tratar-se de alguém que faz do bem o seu principal apanágio de vida. Aproximou-se atento e, depois de lhe observar mais de perto, o olhar, os gestos e o sorriso, e de ouvir sua voz serena e agradável, resolveu pousar na parte externa da janela de vidro que os separava. Descansou um pouco e retribuiu, a seu modo, o carinho que o homem lhe demonstrava: entoou, a princípio, de forma insegura, aquele que foi o seu primeiro canto, que logo se transformou num trinado melodioso, que pareceu agradar ao seu novo amigo. Assim, homem e pássaro ficaram se comunicando por alguns minutos, até que se ouviu uma voz que chamava – Dr. Levi! Ficou pensativo e logo chegou à conclusão que não era mera coincidência a semelhança dos nomes: o seu Lé-Lé bem-te-vi; o dele Levi. Certamente, teriam muitas outras coisas em comum. Lembrando que já era tarde, entoou mais um canto e seguiu no rumo de casa. Nos dias seguintes, no mesmo horário, passou a visitar seu novo amigo. Imaginava como seria bom se não houvesse aquela janela de vidro. Sua vontade era pousar na mão do seu amigo Levi, que parecia querer acariciá-lo, passeando na superfície do vidro. Com tão pouco tempo de vida, Lé-Lé, o jovem bem-te-vi, encheu seu pequeno coração de alegria ao descobrir que há muitas coisas importantes e indispensáveis à construção da felicidade de todos os seres viventes. Uma delas é o direito à liberdade, que lhe foi revelado ao mergulhar nas ondas do vento, nos seus desafiadores voos diários. A outra, a amizade e o amor, sem dúvida a própria razão de viver, que se manifestaram pelo carinho recebido desse grande ser humano chamado Levi Torres Madeira. Seridião Montenegro Levi Madeira Levi Torres Madeira Médico oftalmologista especialista em Plástica Ocular Escritor de literatura de cordel Associado Fundador do Rotary Club de Fortaleza-Dunas Seridião Correia Montenegro Escritor – Autor de vários livros, contos, crônicas e discursos Ex-Presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza Associado Fundador do Rotary Club de Fortaleza-Dunas Levi Madeira
Enviado por Levi Madeira em 26/09/2016
Alterado em 10/10/2016 |