Levi Torres Madeira

 Oftalmologista e Escritor de Poemas em Cordel

Textos


Fiz este poema em homenagem a um grande homem, Chico da Cruz, avô de minha esposa Eneida
 

O TERNO DO VOVÔ
 
Qualquer história engraçada
Um cordel pode formar
Se existir alguém disposto
Pra tal história narrar
Se é verdade ou mentira
Se quiser vá pesquisar
 
Eu ouvi foi de terceiros
Esta que eu vou contar
Aconteceu no Piauí
Bem depois do Ceará
O seu Chico é o vovô
Sempre quis dele falar
 
Sua vida era bem pobre
Lá pras bandas do sertão
Mudou-se pra capital
Deixando de ser peão
Trabalhou de sol a sol
Melhorou sua condição
 
Uma torra de Café
Em Teresina montou
Naquele mercado velho
Muito bem se instalou
E para batizar sua torra
Deu-lhe o nome Rei Nahor
 
Além de trabalhador
Era muito inteligente
Não perdia boa chance
Em tudo estava presente
Conquistava a freguesia
Não perdia nenhum cliente
 
Seu Chico prosperava
Frota de ônibus montou
Até dinheiro pra bancos
Me falaram que emprestou
Vendeu panelas pro exército
E mais dinheiro ganhou
 
Que o homem era rico
Está fora de questão
Mas a notícia que corria
Por todo aquele mundão
Seu Chico era pão duro
Retinha todo tostão
 
Um dia comprou tecido
Para um bom terno coser
Gostava de trabalhar
E bem vestido atender
Foi então ao alfaiate
Aquele terno fazer
 
Bom dia seu alfaiate
Pra você tenho missão
Cortar bem este tecido
Me custou um dinheirão
Quero fazer um bom terno
Faça logo a medição
 
Após muito bem medir
E o serviço contratar
Seu Chico já no caminho
Começou a matutar
Seu tecido era tão grande
E dois ternos iriam dar
 
Deu então meia volta
Ao alfaiate voltou
Será que não dá dois ternos
Ele assim se expressou
O alfaiate ali na hora
Com seu Chico concordou
 
Já na calçada da rua
Voltou a questionar
Se você cortar direito
Sem nada desperdiçar
Aposto que dá três ternos
O que tem a me falar
 
O alfaiate fechou os olhos
Tentando se controlar
E pensou com seus botões
Uma lição vou lhe dar
E concordou fazer os três
E marcou pra vir buscar
 
Seu Chico saiu satisfeito
Tinha feito um negoção
Se dava pra fazer três
Talvez fosse um ladrão
Ficaria com seu tecido
Alfaiate espertalhão
 
Uma semana depois
Voltou ao mesmo lugar
Estava bem satisfeito
A seus ternos foi buscar
Quase teve até um troço
Quando aos ternos foi olhar
 
Eram três ternos bem feitos
Feitos com dedicação
Mas o que sentiu seu Chico
Foi de cortar coração
Eram três miniaturas
E partiu pra agressão
 
Foi então que o alfaiate
Bem ali desabafou
Você queria três ternos
Bem dividido ficou
Os três ternos estão ai
Nenhum tecido sobrou
 
Seu Chico saiu zangado
Mas aprendeu a lição
Não pode ser mão fechada
Em qualquer ocasião
Pagou aquele alfaiate
Saiu com os ternos na mão
 
Como tinha ele três netos
A cada um presenteou
E a lição do alfaiate
Na sua mente gravou
E depois daquele dia
Mais generoso ficou



 = FIM =
 

Levi Madeira é Médico Oftalmologista
Acesse: www.levimadeira.com.br
Site do Escritor: www.levimadeira.recantodasletras.com.br

 
Levi Madeira
Enviado por Levi Madeira em 18/08/2011
Alterado em 18/08/2011


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras
Obrigado pela visita e volte sempre!