DESTRAMBELHADO CASAMENTO
Há muitos anos atrás Bem no meio do sertão Houve lá um vira e mexe Que merece explicação É o que vou te contar Se é verdade eu num sei não Uma moça era Gertrude E Mané sua paixão E a outra era Zefinha Interessada em Zecão O namoro era escondido Pois não tinha aprovação As gurias bem bonitas Mas o pai um valentão Não queria suas filhas Se casando com peão Jurava matar o cabra Que tivesse a pretensão Os rapazes muito simples Labutavam com o chão Preparavam sua terra Com a enxada e facão Cultivar a sua roça Era a sua ocupação Zefinha era a mais nova Tinha grande formosura E Gertrude era a mais velha E bem feita de cintura Mas o medo os assombrava Terminar na sepultura Namoravam às escondidas Sem ninguém desconfiar Bolaram então um plano Pra fugir e se casar Moravam no interior Cinco léguas do lugar Muito raro eles se viam Tinham muita precaução Pois se o pai aparecesse Com espingarda e facão Acabaria com o Mané E sumiria com o Zecão As irmãs apaixonadas Moravam no Riachão 5 léguas dali ficavam Seu Mané e seu Zecão E para lá se dirigiam Montando um alazão Cada um com seu cavalo Na igreja se encontravam Misturados a muita gente Nem sequer desconfiavam A paixão era ardente Escondidos namoravam Bolaram então um plano Não iriam desistir O pai na sua carranca Não iria consentir A mãe não aprovava E o jeito era fugir E no Domingo seguinte Os quatro concordariam O pai faria uma viagem A chance não perderiam Após a missa da noite As garotas roubariam No dia justo marcado Cada um num alazão Cavalgaram pra cidade Sentido de Riachão Dois amigos escoltavam É prudente a prevenção Não sabiam os coitados Que o pai não viajou Nas últimas horas do dia A viagem cancelou Aflição das duas filhas E tudo se complicou No tempo do ocorrido Telefone não existia Celular nem se falava Só de radio se ouvia Não tinha como avisar Coração forte batia O pai foi logo avisando Que na missa ninguém ia Parece que adivinhara E o plano dissolvia Os moços já chegaram As garotas ninguém via Ao terminar aquela missa Não sabiam o que pensar Se teriam desistido Desistido de casar Resolveram ir a casa E as garotas roubar Deixaram pra madrugada Quando lá apareceram Deram um toque na janela E as moças atenderam Com muita pressa fugiram Seus pais nem perceberam Muito rápido dali saíram Bem depressa cavalgando A lua estava cheia A estrada iluminando Os quatro noivos alegres Os dois amigos escoltando Cavalgaram a noite toda E só bem cedo eles chegaram Foram para outra cidade E no cartório se casaram Assinaram os papéis E logo então se beijaram A casa se tremeu toda Quando foi no outro dia As filhas pra onde foram Perguntou ninguém sabia Pegando sua espingarda As pegadas ele seguia Pergunta aqui e acolá Foi colhendo informação Seguiu aquele caminho Na certeira direção Espumava tanto raiva Segurava seu facão Quando chegou na cidade Onde houve o casamento Procurou se informar Planejando seu intento Foi direto para a festa Que faziam no momento Meu senhor acredite O homem avermelhou Gritou bem alto e disse Brincando aqui não estou Apontando pra Mané A arma então disparou Mané no chão foi caindo Gertrude se apavorando Zecão foi logo acudindo E a arma lhe apontando A polícia então chegou Ao valentão foi levando Mané foi pro hospital Só levou uma sutura O ferimento foi leve Foi de raspão na cintura O valentão estava preso Baixou a temperatura Saindo do hospital Foram pra delegacia Na sala do delegado Harmonia não existia O pai queria brigar Delegado não permitia Seu João da espingarda Vamos logo resolver Não pode matar os genros Isto é se embrutecer Ficará preso 30 anos Se isto vir acontecer Olhou então para as filhas Começando a chorar Um abraço apertado Em cada uma foi dar Alertando aos seus genros Passou então a falar Não quero aqui ficar preso Aqui não é meu lugar Mas eu ficarei de olho De mim não vão escapar Se maltratarem minhas filhas A cada um eu vou matar Todos estavam felizes Voltaram pra Riachão O sogro fez uma festa Tinha arroz e pimentão Muita carne e cerveja E tinha até camarão Os rapazes eram amigos Montaram sociedade Construíram uma fazenda Bem pertinho da cidade Tiveram filhos e filhas E muita prosperidade O sogro vendo os netos Que brincavam ali no chão Os genros enriqueceram E lhe davam atenção Arrependeu-se do que fez E mudou de opinião Que fique como exemplo O que importa é o interior A ninguém vamos julgar Cada um tem seu valor Leva tempo e paciência O desabrochar de uma flor ________________________________________________ O autor é Médico Oftalmologista Acesse: WWW.levimadeira.com.br WWW.levimadeira.recantodasletras.com.br Obs: 35 poemas versando sobre vários assuntos educativos estão contidos no meu livro: AUTOBIOGRAFIA E SEUS CORDÉIS. Caso deseje adquiri-lo acesse “Livros à Venda” no site do escritor: WWW.levimadeira.recantodasletras.com.br Levi Madeira
Enviado por Levi Madeira em 24/07/2011
Alterado em 10/05/2015 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |