Levi Torres Madeira

 Oftalmologista e Escritor de Poemas em Cordel

Textos


HANNA
A cadela que queria ser gente

Recebi inspiração
Pra Hanna homenagear
Cadelinha especial

Basta ver o seu olhar
Pra ser gente só lhe falta
Abrir a boca e falar

Ela escuta o que se fala
A tudo vem entender
Fica alegre com a gente
Até o anoitecer
No sofá ela se senta
Para assistir a TV

Antes de ler o poema
Volte ao topo para olhar
Na cabeceira está Hanna
Lá na mesa do jantar
Todo dia ela faz isso
Sem ser preciso chamar

Ela fica ali quietinha
Com o queixo a apoiar
Deseja um pouco de carne
Os seus olhos a falar
Até parecendo gente
Tem ternura no olhar

Ela é muito inteligente
Nunca vi cadela igual
Vai pra sala com a gente
Tem postura corporal
Ela assiste e acompanha
O seu planeta animal

Um dia todos saíram
E só Hanna ali ficou
Como dona do pedaço
Ela logo aproveitou
Sentou-se então no sofá
E no controle apertou

Terá sido por acaso
Este acontecimento
Mas a TV foi ligada
Faço até um juramento
Ficamos boquiabertos
Com o seu entendimento

Quando Hanna está com fome
Se ninguém lhe dá ração
Ela pega com a boca
Retirando lá do chão
A vasilha de comida
Entrega na nossa mão

Se a porta está fechada
E ali deseja estar
Ela chega de mansinho
A patinha vai tocar
Toc-toc então se escuta
Não desiste até entrar

Como tem carinha chata
E nariz quase fechado
Quando tira uma soneca
Tem um ronco abafado
Aconchega direitinho
No quarto climatizado

Um dia algo aconteceu
Comigo Hanna falava
Então confessou pra mim
O que nela se passava
Falou tanto abertamente
Comigo desabafava

Meu muito querido amigo
Ela então balbuciou
Não é fácil ser cadela
Mas foi Deus que abençoou
Ter chegado neste lar
Que de longe me buscou

Veja bem meu bom amigo
E também preste atenção
Tenho mãe e tenho pai
E também eu tenho irmãos
Eu sinto saudade deles
Do fundo do coração

Por aqui ser o meu lar
Tenho muita gratidão
Com carinho fui aceita
Sem nenhuma restrição
Isso tudo me ajudou
Foi minha consolação

Tenho a Ingrid por mãe
Quão grande satisfação
Pois cuida tão bem de mim
Com carinho e devoção
Os meus dentes ela escova
E me leva pro salão

Durmo ali na minha cama
No seu quarto perfumado
O seu cheiro é para mim
Como um bálsamo molhado
E se tenho um pesadelo
Ela me põe do seu lado

Fico até um pouco triste
Quando vai pra faculdade
Eu espero o dia todo
Como é grande esta saudade
Mas ao sentir o seu cheiro
Pulo de felicidade

A Sthéfane pra mim
É irmã muito querida
Quando me põe no seu colo
Fico alegre e derretida
Gosto muito de seu quarto
Fazer uma remexida

Eneida meu Deus do céu
Nem sei mesmo o que dizer
Desta família adorada
Primeira pessoa a ver
Foi lá em Belo Horizonte
Que vim a lhe conhecer

Eu era tão pequenina
Fui levada ao aeroporto
Eu lá encontrei Eneida
Vinha num bebê conforto
Encontrei também Levi
E fui logo com seu rosto

Com você doutor Levi
Eu adoro passear
Eu me sinto tão segura
Para a rua atravessar
De cão bravo me defende
Jamais deixando atacar

São nestes belos passeios
Pela linda beira mar
Que me sinto bem mais livre
Do que gosto vou cheirar
De fazer necessidades
Sentindo a brisa do mar

Vejo carros, vejo gente
Meus amiguinhos de raça
Sentimos cheiro um do outro
E tem pipoca de graça
Mas se como uma do chão
Você até me amordaça

Adoro duas senhoras
Que vendem coco gelado
Quando passamos por lá
Recebo abraço apertado
Parece que são irmãs
Semblante assemelhado

Mais à frente no buteco
Que cheiro de refeição
Aquele cheiro gostoso
É a minha perdição
Um dia não agüentei
Penetrei lá no salão

Lá eu tenho alguns amigos
Com função de manobrista
Eles dirigem os carros
Que ficam bem lá na pista
Com carinho eles me tratam
Como fora uma turista

Minha coleira eu adoro
E é minha proteção
Foi presente que ganhei
Minha mãe do coração
Eu amo brincar com ela
Você puxando com a mão

Dois anos já se passaram
Muito bem aqui estou
Já estou bem enturmada
E nada aqui me faltou
Concluindo o meu relato
Só uma coisa restou

Observo e sempre ouço
Vossa evangelização
Queria lhe perguntar
Se é possível ou não
Eu vir mesmo é como gente
Numa outra encarnação

Acordei atordoado
Que bichinho inteligente
Com a cadela eu falei
E fui o seu confidente
Só então compreendi
Hanna queria ser gente

Perdão ao caro leitor
Se aqui eu viajei
Mas lhe digo que é verdade
Quase nada eu inventei
Nem chegando a dez por cento
O que aqui extrapolei. 

 
Levi Madeira
Médico e cordelista
levi.torres.madeira@gmail.com

 Hanna (sorrindo e de coleira rosa) com o Boss (seu pretendente a nomarodo)


Hanna na praia de Flecheiras - CE

 

Hanna nas mãos de Levi
 
AUTOR DESTE CORDEL

Levi Torres Madeira
Médico Oftalmologista – CREMEC: 4834 – RQE: 2865
Especialista em Cirurgia Plástica Ocular com Excelência em Blefaroplastia
 
CONTATOS:

Site da Clinica Levi Madeira: www.levimadeira.com.br

E-mail: levi.torres.madeira@gmail.com
Fones: (85) 3486-6363 e 3486-6461
Av. Dom Luis, 1233 – Sala 401
Fortaleza – Ceará – Brasil
 
Escritor de Literatura em Cordel
 
SITE DO ESCRITOR:
www.levimadeira.recantodasletras.com.br 
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Levi Madeira
Enviado por Levi Madeira em 17/07/2011
Alterado em 03/04/2017


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